A história de São Domingos do Tupá

São Domingos foi um povoado na bacia do rio Turvo, entre os atuais municípios de Agudos e Águas de Santa Bárbara, no estado de São Paulo. Durante sua existência teve o nome mudado para “São João de São Domingos”, “São João da Floresta” e finalmente “Tupá”. Mas também ficou conhecido por “São Domingos do Tupá”.

Registros oficiais de São Domingos começam na década de 1830. Também há informações de que fora fundado por padres jesuítas no século anterior e servia de passagem para os bandeirantes.

De qualquer maneira, São Domingos foi uma localidade avançada na época do desbravamento do oeste paulista. Foi a mais antiga e única sede religiosa da região entre os anos de 1856 e 1890. Somente ali eram feitos os registros oficiais, batismos e outros sacramentos na região, inclusive das recém formadas Santa Cruz do Rio Pardo, Espírito Santo do Turvo e Águas de Santa Bárbara.

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Igreja construída em 1856, fotografada por Adalto Dias em 1973.

Paralelos: Outro local avançado nessa época foi Espírito Santo da Fortaleza, já apresentado em outra publicação minha. Esses lugares primeiramente serviram de sentinela e fortaleza contra índios durante o avanço para o interior. Depois serviram de centro político e religioso para outras localidades formadas, e que logo se tornariam mais importantes. Tanto São Domingos, como Fortaleza foram subordinados inicialmente a Botucatu, depois Lençóis e finalmente Agudos. Ambos sofreram decadência a partir da década de 1890 e acabaram na crise do café de 1929. Atualmente encontram-se esfarelados.

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Imagem atual com os antigos locais de São Domingos do Tupá e Espírito Santo da Fortaleza. O avanço para o oeste paulista ocorreu a partir de Botucatu em meados do século XIX, e essas foram importantes localidades entre os rios Tietê e Pardo. (clique na imagem para aumentar)

Registros indicam que São Domingos teve vários quarteirões e suas casas eram servidas por água fresca de canais desviados do córrego. Teve cartório eleitoral, delegacia, guarda nacional e forte comércio. Um censo de 1873 indica 3629 habitantes em São Domingos. A relação com os índios Xavantes sempre foi intensa tanto de forma hostil, quanto amistosa.

A decadência de São Domingos começou com a emancipação das localidades próximas. Em 1890 já não era mais sede religiosa, nem política. Ainda teve alguma importância enquanto manteve vastas plantações de café em sua região. A crise do café de 1929 selou o fim de São Domingos, na época chamado apenas de Tupá. Segundo relatos, na década de 1960 já não morava mais ninguém ali.

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Através desse recorte da Folha Topográfica de Santa Bárbara do Rio Pardo, 1948, APESP, podemos ver que na década de 1940 ainda existia o povoado de Tupá (circundado em amarelo). Domélia, atual distrito de Agudos, está no canto inferior esquerdo. (clique na imagem para aumentar)

Relatos indicam que a igreja permaneceu de pé até a década de 1980. O altar foi retirado de lá em 1966 e hoje está exposto no museu Plínio Machado Cardia, em Agudos.

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Altar com um cocar indígena esculpido sugere que índios eram catequizados em São Domingos. Foto de Samantha Ciuffa, Jornal da Cidade de Bauru.

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São Benedito retirado da igreja, possivelmente esculpido por um índio convertido, também está no museu Plínio Machado Cardia, em Agudos. Foto de Aurélio Alonso, Jornal da Cidade de Bauru.

Atualmente o local de Tupá é um canavial e uma mata bem isolados. Ainda restam ruínas do cemitério com alguns túmulos e um cruzeiro de madeira de cerca de 4 metros de altura.

Atualização: O cruzeiro foi retirado do cemitério para revitalização no dia 16/05/2017, três dias depois que visitei o local e tirei as fotos abaixo. Agora está exposto no museu Plínio Machado Cardia, em Agudos.

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Cruzeiro no cemitério de Tupá. Pelo menos 160 anos.

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Detalhe do cruzeiro.

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Túmulo no cemitério de Tupá.

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Tupá ficava nessa área que hoje é um canavial e uma mata. Explorei parte dessa mata, mas não encontrei vestígios.

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Retirada do cruzeiro em 16/05/2017. Foto de Aurélio Alonso, Jornal da Cidade de Bauru.

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Cruzeiro exposto no museu em Agudos. Foto de Aurélio Alonso.

As informações foram consultadas no ótimo site http://celsoprado-razias.blogspot.com.br, e em notícias do Jornal da Cidade de Bauru e do site http://www.debatenews.com.br. As pesquisas no local foram possíveis com a sobreposição de mapas antigos no Google Earth.

Serão muito bem vindas mais informações ou correções para atualizar. Última atualização em 03/08/2017.

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